Pablo Neruda, pseudônimo de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, nasceu em 12 de julho de 1904, na cidade de Parral, no Chile, durante o governo parlamentarista que caracterizou o país entre 1891 e 1925, marcado por forte influência das elites econômicas e pouca participação popular na política. Filho de José del Carmen Reyes, ferroviário, e de Rosa Basoalto, professora que faleceu poucos meses após o seu nascimento, foi criado em Temuco pela madrasta Trinidad Candia Marverde. Desde jovem, demonstrou interesse pela poesia, publicando seus primeiros textos em jornais locais ainda na adolescência. Em 1920, adotou o pseudônimo “Pablo Neruda”, inspirado no poeta tcheco Jan Neruda, para assinar seus escritos.

Em 1921, mudou-se para Santiago para estudar francês no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile, mas acabou abandonando o curso para se dedicar integralmente à literatura. Seu primeiro grande sucesso foi Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada (1924), obra que o consagrou como uma voz lírica intensa e inovadora. Em 1927, ingressou na carreira diplomática, servindo em países como Birmânia, Argentina, Espanha e México. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), seu contato com o sofrimento do povo e sua amizade com Federico García Lorca e outros intelectuais antifascistas aproximaram-no do comunismo, ideologia que adotaria por toda a vida.

Ao retornar ao Chile, Neruda tornou-se um dos mais influentes poetas latino-americanos e também um ativo militante político. Em 1945, foi eleito senador e filiou-se ao Partido Comunista do Chile. Três anos depois, em meio à repressão do governo de Gabriel González Videla contra comunistas, foi forçado ao exílio, período em que viajou por diversos países e consolidou sua reputação internacional. Sua poesia, antes centrada no lirismo amoroso, passou a incorporar forte conteúdo social e político, como se vê em Canto Geral (1950), um épico sobre a história e as lutas da América Latina.

Entre suas obras mais importantes destacam-se Residência na Terra (1933-1935), marcada por imagens surrealistas e tom existencial; Odes Elementares (1954), que celebra aspectos simples da vida; e Memorial de Isla Negra (1964), de caráter autobiográfico. Em 1971, Neruda recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, sendo reconhecido por sua poesia que combina paixão, compromisso social e força imagética.

Politicamente, manteve-se próximo de movimentos de esquerda e foi amigo pessoal de Salvador Allende, presidente socialista do Chile entre 1970 e 1973. Após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, que depôs Allende e instaurou a ditadura de Augusto Pinochet, Neruda adoeceu gravemente. Oficialmente, sua morte, ocorrida em 23 de setembro de 1973, em Santiago, foi atribuída a um câncer de próstata avançado. Contudo, investigações posteriores e testemunhos de pessoas próximas levantaram suspeitas de que ele possa ter sido envenenado por agentes da ditadura, tema ainda debatido por historiadores e peritos.

Pablo Neruda é hoje lembrado como um dos maiores poetas do século XX, cuja obra abrange desde o lirismo amoroso até o engajamento político, influenciando gerações de escritores e permanecendo como símbolo da luta por justiça social e liberdade artística.

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Referências
  • Wikipédia (pt. e en.): biografia, obras e contexto histórico (https://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda)
  • Neruda, Pablo. Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada. Santiago: Editorial Nascimento, 1924.
  • Feinstein, Adam. Pablo Neruda: A Passion for Life. Londres: Bloomsbury, 2004.
  • Urrutia, Matilde. Minha Vida com Pablo Neruda. Santiago: Editorial Sudamericana, 1986.

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