Publicado em 2006, O Menino do Pijama Listrado é um romance do escritor irlandês John Boyne que combina simplicidade narrativa com uma ambientação histórica profundamente trágica. Situada durante a Segunda Guerra Mundial, a história é contada sob a perspectiva de Bruno, um garoto de nove anos, filho de um oficial nazista transferido para administrar um campo de concentração. Embora nunca seja explicitamente nomeado no texto, o campo é inspirado em Auschwitz, e Boyne opta por narrar os acontecimentos através do olhar inocente de uma criança que desconhece completamente a realidade do Holocausto. Essa escolha narrativa cria um contraste poderoso entre a ingenuidade do protagonista e o horror que o leitor, inevitavelmente, reconhece.

A amizade de Bruno com Shmuel, um menino judeu da mesma idade que vive preso no campo e veste o “pijama listrado” do título, é o eixo central da trama. Eles se encontram regularmente na cerca que separa os dois mundos e desenvolvem uma ligação marcada pela curiosidade e pela empatia, apesar das barreiras físicas e sociais impostas pelo regime nazista. A inocência de Bruno impede que ele compreenda plenamente as circunstâncias de Shmuel, o que gera uma tensão dramática crescente à medida que a história avança. O clímax do romance ocorre quando Bruno, movido pelo desejo de ajudar o amigo a encontrar seu pai desaparecido, atravessa para o outro lado da cerca, levando a um desfecho trágico e simbólico.

Mais do que um relato histórico, O Menino do Pijama Listrado é uma fábula moral sobre amizade, preconceito e os custos da ignorância. Publicado em um momento de renovado interesse global pela memória do Holocausto, o romance foi traduzido para dezenas de idiomas e adaptado para o cinema em 2008, tornando-se uma obra popular especialmente entre jovens leitores. No entanto, também recebeu críticas de historiadores que apontam imprecisões históricas e o risco de suavizar a brutalidade dos campos de extermínio. Ainda assim, sua força narrativa reside justamente no ponto de vista limitado de Bruno, que permite ao leitor confrontar a distância entre a inocência individual e a barbárie coletiva.

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