A definição de “livro mais longo do mundo” pode variar conforme os critérios utilizados — número de palavras, páginas ou extensão física. No entanto, um dos recordes mais reconhecidos pertence à obra À la recherche du temps perdu (Em Busca do Tempo Perdido), do escritor francês Marcel Proust, publicada entre 1913 e 1927. A série é composta por sete volumes e soma aproximadamente 1,2 milhão de palavras na versão original em francês. Considerada uma das maiores realizações da literatura do século XX, a obra explora com profundidade temas como memória, tempo, sociedade e amor, utilizando uma linguagem densa e detalhada, marcada por frases longas e complexas (PRINCE, 2000).

A narrativa de Em Busca do Tempo Perdido é notável não apenas por sua extensão, mas pelo método introspectivo de Proust, que utiliza a memória involuntária como recurso central. O episódio mais famoso é o da “madeleine”, em que o sabor de um pequeno bolo mergulhado no chá desperta lembranças vívidas do passado. Ao longo dos sete volumes, o autor traça um panorama da sociedade francesa da Belle Époque e do início do século XX, misturando observações sociais, reflexões filosóficas e experiências pessoais. Essa combinação faz com que a obra seja, ao mesmo tempo, um romance autobiográfico, uma crônica social e um tratado sobre o tempo e a arte (TADIÉ, 1996).

Embora outras obras também disputem o título de mais longas, como Artamène ou le Grand Cyrus, de Madeleine e Georges de Scudéry, do século XVII, com cerca de 2,1 milhões de palavras, e certos romances contemporâneos experimentais, Em Busca do Tempo Perdido é amplamente reconhecido por críticos e registros como o Guinness World Records por sua influência e complexidade. Seu tamanho impressionante, no entanto, não é gratuito: cada página contribui para a construção de um universo literário minucioso, no qual o leitor é convidado a mergulhar lentamente, como quem revive lembranças guardadas ao longo de uma vida inteira (GUINNESS WORLD RECORDS, 2023).