
O Naturalismo foi um movimento literário que surgiu na França na segunda metade do século XIX, consolidando-se a partir de 1870. Ele é considerado uma vertente radical do Realismo, diferenciando-se pelo uso de métodos científicos na observação e descrição da realidade. Influenciado pelo Positivismo de Auguste Comte e pelo determinismo biológico de Charles Darwin, o Naturalismo defendia que o comportamento humano era resultado direto de fatores hereditários, do meio social e das circunstâncias históric…
O contexto histórico que favoreceu o surgimento do Naturalismo foi marcado pelo avanço das ciências naturais, pela Revolução Industrial e pelo crescimento das cidades. As novas condições sociais e econômicas, associadas às desigualdades e problemas urbanos, despertaram o interesse de escritores em retratar de forma objetiva e crua a vida humana, sem idealizações. O movimento também foi influenciado pelo cientificismo da época, que buscava explicar todos os aspectos da vida por meio de leis racionais e ob…
O principal marco do Naturalismo na literatura foi a obra Germinal (1885) de Émile Zola, que, além de romancista, foi o teórico do movimento. Em seu livro O Romance Experimental (1880), Zola defendia que o escritor deveria ser como um cientista, analisando o comportamento humano em determinadas condições sociais e biológicas. O Naturalismo abordava temas como miséria, alcoolismo, violência, prostituição e conflitos familiares, muitas vezes chocando o público da época pela crueza das descrições.
No Brasil, o Naturalismo chegou no final do século XIX, consolidando-se com a publicação de O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo. Outras obras importantes do autor, como O Cortiço (1890), exploraram a influência do meio sobre o comportamento humano, destacando questões sociais, raciais e econômicas. Outro nome de destaque foi Adolfo Caminha, autor de Bom-Crioulo (1895), que tratou de forma ousada a relação homoafetiva entre dois homens, algo inovador e polêmico para a época.
Politicamente, o Naturalismo refletia a crítica às desigualdades sociais e denunciava a opressão causada por sistemas econômicos e políticos excludentes. Embora não fosse um movimento engajado como o Realismo de viés social, sua visão determinista ajudou a revelar a importância das condições ambientais e sociais na formação do indivíduo.
Com o início do século XX, o Naturalismo perdeu força como movimento literário, mas sua influência permaneceu na literatura e no jornalismo investigativo, que herdaram seu olhar objetivo e crítico sobre a realidade.
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Referências
- ZOLA, Émile. O Romance Experimental. Lisboa: Relógio D’Água, 2003.
- ZOLA, Émile. Germinal. São Paulo: Martin Claret, 2010.
- AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Ática, 2010.
- CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. São Paulo: Ática, 2001.
- CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2000.
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