
Luís Vaz de Camões nasceu provavelmente em 1524 ou 1525, em Lisboa, durante o reinado de D. João III, embora alguns estudiosos defendam Coimbra como possível local de nascimento. Pertencia a uma família de pequena nobreza e recebeu educação humanista, provavelmente na Universidade de Coimbra, onde entrou em contato com a literatura clássica e a cultura renascentista. Em meados da década de 1540, passou a frequentar a corte portuguesa, onde adquiriu reputação tanto por seu talento poético quanto por seu temperamento impulsivo. O período era de apogeu marítimo e comercial do Império Português, marcado por grandes explorações e também por desafios políticos e militares.
Sua vida foi marcada por episódios turbulentos. Em 1547, alistou-se no exército e participou de campanhas no Norte de África, onde teria perdido o olho direito em combate. De volta a Lisboa, envolveu-se em desavenças e foi preso em 1552 por ferir um funcionário da corte, sendo libertado mediante indulto régio em 1553, com a condição de servir no Oriente. Embarcou para a Índia nesse mesmo ano, passando por Goa e participando de expedições militares, incluindo a defesa de Macau. Lá, viveu períodos de instabilidade financeira e chegou a ser preso novamente por alegadas irregularidades na administração local.
Foi nesse contexto de viagens e dificuldades que Camões começou a compor sua obra-prima, Os Lusíadas, concluída provavelmente por volta de 1556, mas publicada apenas em 1572, já em Lisboa, com autorização do rei D. Sebastião. O poema épico, dividido em dez cantos e escrito em oitava rima, celebra as navegações portuguesas, especialmente a viagem de Vasco da Gama à Índia, mas também oferece reflexões críticas sobre a política e os valores de seu tempo. Além de Os Lusíadas, Camões deixou vasta produção lírica, com sonetos, éclogas, canções e redondilhas, reunidas postumamente sob o título genérico de Rimas. Sua poesia lírica, marcada pela fusão do classicismo e do lirismo pessoal, abordava temas como o amor, a passagem do tempo e a condição humana.
Os últimos anos de vida de Camões foram de grande pobreza, num Portugal politicamente instável, marcado pela desastrosa expedição de Alcácer-Quibir, em 1578, que resultou na morte de D. Sebastião e na crise sucessória que levaria à União Ibérica sob domínio espanhol. Camões faleceu em 10 de junho de 1580, em Lisboa, vítima provável de peste, e foi sepultado na igreja de Santa Ana, destruída no terramoto de 1755. Sua morte coincidiu com um momento crítico da história portuguesa, e seu legado literário tornou-se símbolo da identidade nacional.
Hoje, Camões é celebrado como o maior poeta de língua portuguesa, e o 10 de junho — data de sua morte — é feriado nacional em Portugal, conhecido como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Sua influência se estende por séculos, moldando não apenas a literatura, mas também o imaginário cultural português.
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Referências
- Wikipédia (pt. e en.): biografia, contexto histórico e obras (https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es)
- Saraiva, António José; Lopes, Óscar. História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2010.
- Maxwell, Kenneth. Os Lusíadas e o Império Português. Lisboa: Presença, 2001.
- Saraiva, Arnaldo. Camões: Vida e Obra. Lisboa: Editorial Caminho, 1995.
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