
A literatura do Renascimento desenvolveu-se na Europa entre os séculos XIV e XVI, acompanhando as transformações culturais, científicas e políticas que marcaram o período. Originado na Itália, o movimento renascentista buscou inspiração na Antiguidade Clássica, valorizando a razão, a liberdade de pensamento e o humanismo — corrente que colocava o homem no centro das reflexões, em contraste com a visão teocêntrica predominante na Idade Média.
O contexto histórico desse período foi marcado pelo fim da Idade Média, pela ascensão da burguesia, pelas grandes navegações e pela invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, por volta de 1450, que democratizou o acesso aos livros e impulsionou a circulação de ideias. Politicamente, muitos reinos europeus consolidaram-se como Estados nacionais e fortaleceram monarquias centralizadas, enquanto a Reforma Protestante (1517) e a Contrarreforma influenciaram a produção cultural e literária.
A literatura renascentista destacou-se pela busca da harmonia, clareza e equilíbrio, pela valorização da experiência humana e pela defesa do conhecimento como meio de progresso. As obras exploravam temas como o amor, a natureza, a política e a moral, inspirando-se em autores gregos e romanos como Homero, Virgílio, Horácio e Platão.
Na Itália, o Renascimento literário teve nomes fundamentais como Dante Alighieri (A Divina Comédia, 1321), que, embora seja considerado uma figura de transição entre a Idade Média e o Renascimento, influenciou profundamente os escritores posteriores; Francesco Petrarca, pai do Humanismo, com seus sonetos amorosos; e Giovanni Boccaccio, autor de Decameron (1353), que explorou a vida e a moralidade com realismo e humor.
Em Portugal, o Renascimento literário consolidou-se no século XVI, com destaque para Luís de Camões, cuja obra Os Lusíadas (1572) exaltou as conquistas marítimas portuguesas e fundiu o espírito clássico com o orgulho nacional. No Brasil colonial, a influência renascentista chegou por meio dos jesuítas, especialmente Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, que utilizaram a literatura como instrumento de catequese.
Na Inglaterra, William Shakespeare (1564–1616) foi o maior representante do Renascimento, criando tragédias, comédias e peças históricas que exploraram a complexidade humana, como Hamlet, Romeu e Julieta e Macbeth. Sua obra reflete o espírito humanista e a profundidade psicológica características do período.
A literatura no Renascimento marcou uma ruptura com os valores medievais e abriu caminho para as produções artísticas modernas, sendo um dos períodos mais ricos e influentes da história cultural da humanidade.
_______
Referências
- CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Lisboa: Beltrão, 1572.
- PETRARCA, Francesco. Il Canzoniere. Milão: Edizioni, 1350.
- BOCCACCIO, Giovanni. Decameron. Florença: Tipografia Antiga, 1353.
- SHAKESPEARE, William. Hamlet. Londres: Nicholas Ling, 1603.
- BURCKHARDT, Jacob. A Cultura do Renascimento na Itália. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
No responses yet