Gustave Flaubert nasceu em 12 de dezembro de 1821, em Rouen, França, no seio de uma família de classe média alta. Seu pai, Achille-Cléophas Flaubert, era um renomado cirurgião-chefe do hospital da cidade, e sua mãe, Anne Justine Caroline Fleuriot, pertencia a uma família de tradição nobre. Cresceu em um período de grandes transformações na França, poucos anos após a Revolução Francesa (1789–1799) e durante a instabilidade política que se seguiu ao período napoleônico, incluindo a Restauração Monárquica (1814–1830) e a Monarquia de Julho (1830–1848).

Desde cedo, Flaubert demonstrou interesse pela literatura e pela escrita, produzindo seus primeiros textos ainda adolescente. Em 1840, mudou-se para Paris para estudar Direito, mas não se adaptou à vida acadêmica e abandonou o curso após sofrer crises epilépticas, diagnosticadas na época como ‘doença nervosa’. Decidiu então dedicar-se integralmente à literatura, afastando-se da vida agitada da capital e retornando a Croisset, às margens do Sena, onde viveria a maior parte de sua vida.

Sua obra mais famosa, Madame Bovary (1857), retrata a vida entediante e as frustrações de Emma Bovary, esposa de um médico rural que busca na paixão e no luxo uma fuga da monotonia. O romance causou escândalo na época por seu realismo e pela crítica às convenções burguesas, levando Flaubert a responder a um processo por ‘ofensa à moral pública e à religião’, do qual foi absolvido. A obra marcou o realismo francês por seu rigor estilístico e pela busca da ‘palavra exata’ (le mot juste), princípio fundamental para o autor.

Outros trabalhos importantes incluem Salambô (1862), romance histórico ambientado na Cartago do século III a.C.; A Educação Sentimental (1869), que retrata a juventude parisiense durante a Revolução de 1848; e Três Contos (1877), coletânea que reúne ‘Um Coração Simples’, ‘A Lenda de São Julião Hospitaleiro’ e ‘Herodíade’. Suas obras exploram o desencanto, as limitações da sociedade e o conflito entre ideal e realidade.

Politicamente, Flaubert viveu durante a queda da monarquia de Julho, a Segunda República (1848–1852) e o Segundo Império de Napoleão III (1852–1870), testemunhando mudanças sociais profundas, que serviram de pano de fundo para suas narrativas. Embora crítico da burguesia, não se envolveu ativamente na política, preferindo o isolamento e a dedicação absoluta ao trabalho literário.

Nos últimos anos, enfrentou dificuldades financeiras e problemas de saúde. Sofria de sífilis e, possivelmente, de hipertensão. Gustave Flaubert faleceu em 8 de maio de 1880, em Croisset, vítima de um acidente vascular cerebral, aos 58 anos. Foi sepultado no Cemitério Monumental de Rouen.

Flaubert é lembrado como um mestre do estilo e da precisão narrativa, cuja influência se estende por gerações de escritores, como Guy de Maupassant, Marcel Proust e James Joyce. Sua busca pela perfeição literária consolidou seu nome entre os grandes autores do século XIX.

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Referências
  • Flaubert, Gustave. Madame Bovary. Paris: Michel Lévy Frères, 1857.
  • Flaubert, Gustave. A Educação Sentimental. Paris: Michel Lévy Frères, 1869.
  • Barnes, Julian. Flaubert’s Parrot. Londres: Jonathan Cape, 1984.
  • Wikipédia. “Gustave Flaubert.” Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustave_Flaubert

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