
Escrever bons textos é uma habilidade que acompanha a humanidade desde o momento em que a palavra foi registrada pela primeira vez. Por volta de 3.200 a.C., na Mesopotâmia, surgiram as primeiras formas de escrita cuneiforme, utilizadas para registrar leis, transações comerciais e narrativas. Já na Grécia do século V a.C., filósofos como Aristóteles sistematizaram princípios da retórica, defendendo que um bom texto deveria unir clareza, lógica e persuasão. Essa noção atravessou séculos e se adaptou aos contextos políticos e culturais de cada época.
Na Idade Média, a escrita tinha função predominantemente religiosa e era controlada pela Igreja, especialmente na Europa entre os séculos V e XV. Com o Renascimento, iniciado na Itália no século XIV, houve uma explosão de textos voltados para o pensamento científico e humanista. No século XVIII, em meio ao Iluminismo e à ascensão de novas formas de imprensa, escrever bem passou a ser associado à capacidade de argumentar e influenciar opiniões, em um cenário político marcado pela Revolução Francesa (1789) e pela consolidação de direitos civis.
No século XIX, com o avanço da educação pública e da imprensa, a escrita literária e jornalística atingiu novos públicos. Movimentos como o Realismo e o Naturalismo exigiam clareza, precisão e observação rigorosa da realidade. No Brasil, autores como Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881) equilibraram estilo e ironia, enquanto no jornalismo, nomes como Rui Barbosa usavam a escrita como ferramenta política e de debate público. Já no século XX, com a expansão da mídia de massa e a popularização da educação, escrever bem tornou-se fundamental em múltiplas áreas — da literatura à propaganda, passando pela comunicação política.
Para escrever bons textos, três pilares se mantêm essenciais: clareza, estrutura e impacto. A clareza garante que a mensagem seja compreendida; ela pode ser alcançada evitando frases excessivamente longas e escolhendo palavras simples, como demonstrado nesta frase: “O sol apareceu e as ruas se encheram de gente.” A estrutura organiza as ideias em introdução, desenvolvimento e conclusão, conduzindo o leitor sem confusão. Por exemplo: apresentar um problema, analisá-lo com dados e, em seguida, propor uma solução. Já o impacto é o que faz o texto permanecer na memória; isso pode ser obtido por meio de imagens vívidas, dados relevantes ou apelos emocionais. Veja: “No silêncio da madrugada, o único som era o gotejar insistente da torneira, como se o tempo escorresse pela pia.”
Outro elemento importante é considerar o público-alvo e o contexto histórico. Um discurso político na década de 1930, período de forte polarização ideológica, teria um tom e vocabulário muito diferentes de um texto publicitário de 2025 voltado para redes sociais. Adaptar a linguagem ao momento e ao leitor é o que transforma um texto correto em um texto eficaz.
Escrever bem, portanto, não é apenas dominar gramática e ortografia, mas também entender que cada palavra carrega peso histórico, cultural e emocional. Da Mesopotâmia à era digital, quem domina a arte de escrever bons textos não apenas comunica ideias, mas influencia pensamentos e molda a história.
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