Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, na cidade de Itabira, em Minas Gerais, Brasil, durante a República Velha (1889-1930), período marcado pela política do ‘café com leite’ e pela predominância das oligarquias rurais no poder. Filho de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade, cresceu em uma família tradicional da região, cercado por um ambiente interiorano que, mais tarde, inspiraria parte de sua obra poética. Estudou em colégios jesuítas e laicos, mas foi expulso de um internato por ‘insubordinação mental’, o que já revelava seu espírito crítico. Formou-se em farmácia em 1925, embora nunca tenha exercido a profissão, dedicando-se ao jornalismo, à literatura e ao serviço público.

Sua trajetória literária começou na década de 1920, período de intensa efervescência cultural no Brasil após a Semana de Arte Moderna de 1922, que inaugurou o modernismo. Drummond participou do movimento modernista mineiro e publicou seu primeiro livro, Alguma Poesia (1930), marcado por humor, ironia e reflexões existenciais. Ao longo das décadas seguintes, consolidou-se como um dos principais poetas brasileiros, explorando temas como amor, tempo, política, memória e a condição humana. Entre suas obras mais célebres estão Sentimento do Mundo (1940), que reflete a inquietação da Segunda Guerra Mundial; A Rosa do Povo (1945), com forte cunho social e político; Claro Enigma (1951), de tom mais filosófico; e Boitempo (1968-1979), série memorialista sobre a infância em Itabira.

No campo político e social, Drummond manteve um olhar crítico, mas sem militância partidária direta. Trabalhou como funcionário público por décadas, inclusive no Ministério da Educação e Cultura, e atuou como cronista em jornais, como o Correio da Manhã e o Jornal do Brasil. Testemunhou períodos turbulentos, como o Estado Novo (1937-1945), a ditadura militar (1964-1985) e a redemocratização, sempre manifestando em sua obra uma postura ética e atenta às contradições do país.

Seu estilo combinava simplicidade aparente e profundidade reflexiva, transitando entre a poesia intimista e a de engajamento social. Poemas como ‘No meio do caminho’ e ‘José’ tornaram-se referências na literatura brasileira e símbolos de uma linguagem moderna, acessível e ao mesmo tempo sofisticada.

Carlos Drummond de Andrade faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987, aos 84 anos, vítima de problemas cardíacos. Sua morte ocorreu apenas 12 dias após o falecimento de sua filha única, Maria Julieta, fato que abalou profundamente seus últimos dias. Foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, e deixou um legado de mais de 50 livros publicados, influenciando gerações de leitores e escritores.

Hoje, Drummond é lembrado como um mestre da poesia moderna brasileira, capaz de transformar o cotidiano em arte e de traduzir em versos as angústias e esperanças humanas. Sua obra continua a ser estudada, adaptada e lida, mantendo-se viva no imaginário cultural do Brasil.

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Referências
  • Wikipédia. “Carlos Drummond de Andrade.” Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade
  • Andrade, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. Belo Horizonte: Edições Pindorama, 1930.
  • Andrade, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1945.
  • Bosi, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2017.

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