O Arcadismo foi um movimento literário que surgiu na Europa no século XVIII, por volta de 1756, como reação ao excesso de ornamentos e à grandiosidade do Barroco. Inspirado pelo Iluminismo e pelo espírito racionalista da época, o Arcadismo buscava simplicidade, clareza e equilíbrio, valorizando a vida no campo e a harmonia com a natureza. Seu nome deriva da Arcádia, uma região idealizada da Grécia Antiga associada a pastores e à vida bucólica.

O contexto histórico do Arcadismo está intimamente ligado ao Século das Luzes, marcado por avanços científicos, valorização da razão e críticas ao absolutismo monárquico. Politicamente, o período foi influenciado por ideias liberais e pela luta contra privilégios aristocráticos, culminando na Revolução Francesa (1789). Na arte e na literatura, esses ideais se traduziram em um retorno à simplicidade clássica e à busca por equilíbrio estético.

Entre as principais características do Arcadismo estão a valorização da vida campestre (fugere urbem, ou “fugir da cidade”), a exaltação da simplicidade, o uso de pseudônimos pastoris pelos autores, a influência do Neoclassicismo e a presença de temas como a efemeridade da vida e o aproveitamento do presente (carpe diem). A linguagem era clara e objetiva, evitando exageros estilísticos.

Em Portugal, o Arcadismo teve início oficialmente com a publicação de Obras (1756) de Cláudio Manuel da Costa, que viveu parte de sua vida no Brasil colonial e foi figura central da Inconfidência Mineira. No Brasil, o movimento se consolidou a partir de 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e a atuação de poetas como Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu (1792), e Basílio da Gama, autor de O Uraguai (1769), poema que aborda o conflito entre jesuítas e colonizadores.

O Arcadismo brasileiro teve forte ligação política, especialmente com o movimento da Inconfidência Mineira (1789), que buscava a independência de Minas Gerais do domínio português. Muitos poetas árcades eram também intelectuais e conspiradores.

O movimento entrou em declínio no início do século XIX, quando o Romantismo, com seu apelo sentimental e nacionalista, ganhou espaço. No entanto, o Arcadismo deixou um importante legado, consolidando um modelo poético de clareza e equilíbrio que influenciou gerações posteriores.

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Referências

  • COSTA, Cláudio Manuel da. Obras. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luís Ameno, 1756.
  • GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Lisboa: Regia Officina Typografica, 1792.
  • GAMA, Basílio da. O Uraguai. Lisboa: Régia Oficina Tipográfica, 1769.
  • MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira através dos Textos. São Paulo: Cultrix, 1996.

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