A Literatura Moderna desenvolveu-se entre o final do século XIX e meados do século XX, refletindo as profundas transformações sociais, políticas e culturais que marcaram o mundo nesse período. Embora não exista um marco único para seu início, muitos estudiosos apontam como momento-chave o fim do século XIX, quando as vanguardas artísticas e literárias começaram a romper com os padrões estéticos do passado, rejeitando as convenções do Realismo e do Naturalismo e buscando novas formas de expressão.

O contexto histórico foi marcado pela Revolução Industrial, pelo avanço científico e tecnológico, pela urbanização acelerada e por intensos conflitos políticos, como a Primeira Guerra Mundial (1914–1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939–1945). O crescimento das tensões sociais, o declínio das monarquias tradicionais, o surgimento de regimes totalitários e a crise de valores provocaram um sentimento de incerteza que se refletiu na literatura.

A literatura moderna caracterizou-se pela experimentação formal e temática. Os escritores passaram a explorar a subjetividade, o fluxo de consciência, a fragmentação narrativa e a multiplicidade de perspectivas. A linguagem tornou-se mais livre, rompendo com estruturas rígidas e incorporando elementos do cotidiano. Temas como alienação, angústia existencial, identidade, tempo e memória tornaram-se centrais.

No campo da poesia, movimentos como o Simbolismo, o Futurismo, o Surrealismo e o Dadaísmo integraram o espírito moderno, desafiando convenções e explorando a liberdade criativa. Na prosa, autores como James Joyce (Ulysses, 1922) e Virginia Woolf (Mrs. Dalloway, 1925) revolucionaram a narrativa com o uso do fluxo de consciência. No teatro, nomes como Bertolt Brecht criaram formas de expressão politizadas e inovadoras.

No Brasil, a literatura moderna ganhou força com a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, que reuniu artistas e escritores como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira. O movimento propunha uma arte nacional, livre de modelos estrangeiros, valorizando a cultura brasileira e promovendo a ruptura estética.

Politicamente, a literatura moderna dialogou com as grandes crises do século XX, expressando tanto o desencanto diante das guerras e injustiças sociais quanto o desejo de transformação. Esse período também marcou o fortalecimento da figura do escritor como intelectual engajado, disposto a intervir na vida pública por meio de sua obra.

A Literatura Moderna é, assim, um reflexo de um mundo em mudança, que abandonou certezas antigas para explorar novas possibilidades artísticas e intelectuais. Seu legado ainda influencia a literatura contemporânea, mantendo viva a busca por inovação e reflexão crítica.

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Referências

  • ANDRADE, Mário de. Macunaíma. São Paulo: Martins, 1928.
  • JOYCE, James. Ulysses. Paris: Shakespeare and Company, 1922.
  • WOOLF, Virginia. Mrs. Dalloway. Londres: Hogarth Press, 1925.
  • BOURNEUF, Roland; OUELLET, Réal. O Universo do Romance. Lisboa: Presença, 1976.
  • BRADBURY, Malcolm; McFARLANE, James (orgs.). Modernismo: Guia Geral. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

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