
O Simbolismo foi um movimento literário e artístico que surgiu na França na segunda metade do século XIX, por volta de 1886, como reação ao objetivismo do Realismo e à rigidez formal do Parnasianismo. Sua proposta era valorizar a subjetividade, a sugestão e a musicalidade das palavras, buscando expressar emoções, sensações e estados de espírito de forma indireta. O termo “Simbolismo” foi popularizado pelo crítico Jean Moréas no Manifesto Simbolista, publicado no jornal francês Le Figaro em 18 de setembro…
O contexto histórico do Simbolismo está relacionado às mudanças sociais e filosóficas do final do século XIX. A Revolução Industrial avançava, trazendo progresso tecnológico, mas também crises sociais e um sentimento de incerteza. Politicamente, a Europa vivia tensões nacionalistas e coloniais, enquanto filosofias como o pessimismo de Schopenhauer e o misticismo influenciavam artistas. O Simbolismo surgiu como uma reação espiritualista a uma época marcada pelo materialismo e pela ciência positivista.
Na literatura, o Simbolismo buscava sugerir mais do que descrever, empregando linguagem subjetiva, metáforas, musicalidade e imagens sensoriais. Temas como a morte, o inconsciente, o misticismo, a religiosidade e o erotismo eram recorrentes. Entre os precursores estão Charles Baudelaire, autor de As Flores do Mal (1857), e os poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine.
No Brasil, o Simbolismo começou oficialmente em 1893 com a publicação de Missal e Broquéis, de Cruz e Sousa, considerado o “príncipe dos poetas simbolistas” brasileiros. Sua obra combinava musicalidade, espiritualidade e questionamentos existenciais. Outro grande nome foi Alphonsus de Guimaraens, cuja poesia melancólica e religiosa se destacou no período.
Em Portugal, o Simbolismo teve início na década de 1890, com destaque para Camilo Pessanha, autor de Clepsidra (1920), cujos poemas exploram musicalidade, imagens sugestivas e temas como a efemeridade da vida.
O Simbolismo influenciou fortemente a literatura do século XX, antecipando aspectos do Modernismo e do Surrealismo. Seu legado está na valorização da subjetividade, na experimentação formal e na busca de uma poesia que vá além da simples descrição, explorando as camadas mais profundas da experiência humana.
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Referências
- BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. Paris: Poulet-Malassis, 1857.
- CRUZ E SOUSA. Missal; Broquéis. Rio de Janeiro: Tipografia Laemmert, 1893.
- PESSANHA, Camilo. Clepsidra. Lisboa: Ática, 1920.
- MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira através dos Textos. São Paulo: Cultrix, 1996.
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