Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888, na cidade de Lisboa, Portugal, durante o reinado de D. Luís I. Filho de Joaquim de Seabra Pessoa e Maria Magdalena Pinheiro Nogueira, perdeu o pai, vítima de tuberculose, quando tinha apenas cinco anos. Dois anos depois, a mãe casou-se novamente, e a família mudou-se para Durban, na então colônia britânica de Natal, na África do Sul, onde Fernando frequentou escolas inglesas e adquiriu fluência na língua inglesa, que influenciaria decisivamente sua produção literária. Em 1905, retornou a Lisboa para estudar na Universidade, mas abandonou o curso de Letras para dedicar-se à escrita e a trabalhos como tradutor comercial.

No início do século XX, Portugal atravessava profundas mudanças políticas, culminando na queda da monarquia e na implantação da Primeira República, em 5 de outubro de 1910. Esse ambiente de instabilidade, marcado por tensões sociais e culturais, influenciou a escrita de Pessoa, que nutria interesse por filosofia, ocultismo e correntes modernistas. Em 1915, participou da criação da revista Orpheu, ao lado de Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, marco inaugural do modernismo português. Foi nesse período que desenvolveu sua célebre criação dos heterônimos — personalidades literárias completas, com biografias e estilos próprios, como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Entre suas obras mais conhecidas estão Mensagem (1934), único livro de poesia em português publicado em vida, no qual exalta o passado glorioso de Portugal e projeta um futuro messiânico para a nação; O Livro do Desassossego, atribuído ao semi-heterônimo Bernardo Soares, publicado postumamente em 1982; além de vasta produção poética e ensaística em inglês, como 35 Sonnets (1918) e Antinous (1918). A sua escrita é marcada pela introspeção, pelo experimentalismo formal e pela multiplicidade de vozes, refletindo tanto a herança simbolista quanto o impulso modernista.

Fernando Pessoa levou uma vida discreta e solitária, trabalhando como correspondente de línguas e dedicando-se quase exclusivamente à literatura. A partir de 1934, a sua saúde começou a deteriorar-se devido ao consumo excessivo de álcool e problemas hepáticos. Em 29 de novembro de 1935, morreu em Lisboa, aos 47 anos, vítima oficial de cirrose hepática, no Hospital de São Luís dos Franceses. Sua última frase, escrita em inglês, foi: I know not what tomorrow will bring (“Não sei o que o amanhã trará”).

Hoje, Pessoa é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e uma das figuras literárias mais complexas e influentes do século XX, com sua obra traduzida para dezenas de idiomas e estudada em todo o mundo.

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Referências
  • Wikipédia (pt. e en.): biografia, informações sobre obras e contexto histórico (https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa)
  • Zenith, Richard. Pessoa – Uma Biografia. Lisboa: Quetzal, 2021.
  • Pizarro, Jerónimo (org.). Livro do Desassossego. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010.
  • Martins, Fernando Cabral. Fernando Pessoa e o Modernismo Português. Lisboa: Editorial Presença, 2014.

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