José Maria de Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, na cidade da Póvoa de Varzim, Portugal, durante o reinado de D. Maria II. Filho ilegítimo do magistrado José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz e de Carolina Augusta Pereira d’Eça, só foi legalmente reconhecido pelos pais alguns anos depois, circunstância que marcou sua infância. Estudou no Colégio da Lapa, no Porto, e em 1861 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde conviveu com nomes como Antero de Quental e Teófilo Braga, participando ativamente das discussões culturais e políticas da chamada Geração de 70. Nessa época, Portugal vivia o declínio do regime monárquico constitucional, marcado por instabilidade política e crise econômica, e os jovens intelectuais buscavam renovar a cultura nacional através do realismo e do naturalismo.

Após formar-se em 1866, Eça mudou-se para Lisboa e começou a trabalhar como jornalista, publicando crônicas e textos literários. Em 1870, participou da célebre Conferência do Casino, onde, ao lado de outros intelectuais, defendeu a modernização literária e social do país. Pouco depois, ingressou na carreira diplomática, exercendo funções como cônsul em Havana, em 1872, e em Bristol, a partir de 1874. Essa experiência internacional ampliou sua visão de mundo e reforçou sua postura crítica em relação ao atraso cultural e político de Portugal.

Sua primeira grande obra, O Crime do Padre Amaro (1875), chocou a sociedade da época ao retratar o relacionamento amoroso entre um padre e uma jovem, denunciando o moralismo hipócrita e a influência excessiva da Igreja. Seguiram-se romances fundamentais para a literatura portuguesa, como O Primo Basílio (1878), que expõe a vida burguesa lisboeta, e Os Maias (1888), considerada sua obra-prima, onde constrói um vasto retrato da decadência da elite portuguesa. Outras obras importantes incluem A Relíquia (1887), A Cidade e as Serras (1901, publicada postumamente) e A Correspondência de Fradique Mendes. Sua escrita, de estilo refinado e irônico, alia crítica social à observação minuciosa dos costumes, sendo marcada pela influência do realismo europeu, especialmente de Flaubert e Zola.

No plano político, Eça foi um crítico severo da monarquia e do imobilismo das elites, embora não tenha se envolvido diretamente em movimentos revolucionários. Suas obras frequentemente refletem a frustração de sua geração com a falta de reformas e o atraso do país face ao restante da Europa.

Eça de Queiroz morreu em 16 de agosto de 1900, em Neuilly-sur-Seine, na França, aos 54 anos, vítima de tuberculose. Sua morte representou uma perda irreparável para a literatura lusófona, mas seu legado permanece como um dos mais sólidos e influentes da língua portuguesa. Hoje, ele é reconhecido como um dos maiores romancistas realistas do século XIX, e suas obras continuam a ser amplamente estudadas e adaptadas.

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Referências
  • Wikipédia (pt. e en.): biografia, contexto histórico e obras (https://pt.wikipedia.org/wiki/E%C3%A7a_de_Queir%C3%B3s)
  • Queiroz, Eça de. Os Maias. Lisboa: Livraria Chardron, 1888.
  • Braga, Teófilo. História da Literatura Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1914.
  • Saraiva, António José; Lopes, Óscar. História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2010.

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