
Victor-Marie Hugo nasceu em 26 de fevereiro de 1802, na cidade de Besançon, na França, em plena era napoleônica. Seu pai, Joseph Léopold Hugo, era general do exército de Napoleão Bonaparte, e sua mãe, Sophie Trébuchet, tinha fortes simpatias monarquistas. Essa diferença política dentro de casa fez com que Hugo crescesse em meio a debates ideológicos, algo que mais tarde influenciaria seu pensamento. Durante a infância, acompanhou o pai em viagens pela Europa, morando em cidades como Nápoles e Madri, o que ampliou seu contato com culturas e paisagens diversas.
Desde jovem, mostrou talento para a escrita. Aos 20 anos, publicou Odes et Poésies Diverses (1822), que lhe garantiu uma pensão do rei Luís XVIII. Na década de 1830, tornou-se figura central do romantismo francês, defendendo a liberdade criativa contra as regras rígidas do classicismo. Sua peça Hernani (1830) marcou a vitória dos românticos nos palcos parisienses, gerando aplausos e protestos. Em 1831, publicou Notre-Dame de Paris (O Corcunda de Notre-Dame), romance que não só emocionou leitores como também despertou interesse pela preservação de monumentos históricos.
Além de romancista, Hugo foi poeta, dramaturgo e ativista político. Engajou-se na Revolução de 1848, que instaurou a Segunda República Francesa, e foi eleito deputado. Em 1851, quando Luís Napoleão Bonaparte deu um golpe e instaurou o Segundo Império, Hugo se opôs firmemente e foi obrigado a viver no exílio. Passou cerca de 19 anos fora da França, principalmente nas ilhas de Jersey e Guernsey, no Canal da Mancha. Foi nesse período que escreveu algumas de suas obras mais famosas, como Les Misérables (1862), um romance épico sobre justiça social e redenção, e Les Contemplations (1856), coleção de poemas marcados pela perda de sua filha Léopoldine.
Com a queda do Segundo Império em 1870, Hugo retornou à França como herói nacional. Continuou produzindo obras marcantes, como L’Homme qui Rit (O Homem que Ri, 1869) e Quatrevingt-Treize (Noventa e Três, 1874), e manteve-se ativo na defesa de causas como o combate à pena de morte e a luta contra a miséria. Sua popularidade era tão grande que, em seus últimos anos, tornou-se uma figura venerada pelo povo francês.
Victor Hugo faleceu em 22 de maio de 1885, em Paris, aos 83 anos, vítima de pneumonia. Sua morte comoveu a França inteira, e o governo decretou luto nacional. Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas acompanharam seu cortejo fúnebre até o Panthéon, onde foi sepultado com honras de Estado. Até hoje, Hugo é lembrado como um dos maiores escritores da língua francesa e um símbolo de compromisso com a justiça, a liberdade e a dignidade humana.
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Referências
- Robb, Graham. Victor Hugo: A Biography. W.W. Norton & Company, 1997.
- Bell, David A. ‘Victor Hugo’. Encyclopaedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com
- Barnes, David G. Victor Hugo. Twayne Publishers, 1976.
- Hugo, Victor. Les Misérables. Paris: A. Lacroix, Verboeckhoven & Cie, 1862.
- Hugo, Victor. Notre-Dame de Paris. Paris: Gosselin, 1831.
- France Archives. ‘Victor Hugo, homme de lettres et homme politique’. Disponível em: https://francearchives.fr
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