Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil. Filho do pintor de paredes Francisco José de Assis e da lavadeira Maria Leopoldina Machado de Assis, cresceu em uma família humilde e mestiça. Órfão de mãe aos 10 anos e criado pela madrasta, Machado teve pouca educação formal, mas desde cedo demonstrou talento para as letras, aprendendo sozinho francês, inglês e alemão.

O Brasil da época passava por intensas transformações: a escravidão ainda vigorava, o país buscava consolidar suas instituições monárquicas e a sociedade era fortemente marcada por desigualdades raciais e sociais. Machado começou a trabalhar cedo, vendendo doces, depois como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, onde teve contato com livros, jornais e escritores, o que impulsionou sua formação intelectual.

Sua estreia literária ocorreu em 1855, com o poema Ela, publicado no jornal Marmota Fluminense. Ao longo das décadas de 1860 e 1870, consolidou-se como romancista, poeta, dramaturgo e crítico. Entre suas primeiras obras estão Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874) e Helena (1876), marcadas pelo romantismo.

A virada em seu estilo ocorreu com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), obra inovadora que inaugurou o realismo no Brasil, marcada pelo narrador irônico e pelo tom crítico à sociedade. Em seguida, publicou clássicos como Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899), explorando temas como hipocrisia social, ciúme, ambiguidade e a condição humana.

Machado também atuou no jornalismo, escrevendo crônicas e críticas literárias. Em 1897, foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, cargo que ocupou até sua morte. Politicamente, viveu a transição do Brasil do Império para a República (1889) e foi testemunha do fim da escravidão (1888), temas que aparecem de forma sutil e crítica em sua obra.

Casou-se em 1869 com Carolina Augusta Xavier de Novais, sua companheira até 1904, cuja morte o afetou profundamente. Em seus últimos anos, enfrentou problemas de saúde, agravados pelo que hoje se acredita ter sido epilepsia.

Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, aos 69 anos, vítima de câncer na boca. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão, e ele foi consagrado como o maior escritor brasileiro, cujas obras continuam a ser estudadas, traduzidas e admiradas em todo o mundo

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Referências
  • Bosi, Alfredo. Machado de Assis: O Enigma do Olhar. Editora Ática, 2000.
  • Magalhães Júnior, Raimundo. Vida e Obra de Machado de Assis. Civilização Brasileira, 1981.
  • Schwarz, Roberto. Um Mestre na Periferia do Capitalismo: Machado de Assis. Editora 34, 2000.
  • Moser, Benjamin. Machado de Assis: O Machado de Assis. Companhia das Letras, 2021.
  • Academia Brasileira de Letras. ‘Biografia de Machado de Assis’. Disponível em: https://www.academia.org.br
  • Encyclopaedia Britannica. ‘Machado de Assis’. Disponível em: https://www.britannica.com

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