
Fiódor Mikhailovich Dostoiévski nasceu em 11 de novembro de 1821, em Moscou, no Império Russo, durante o reinado do czar Alexandre I. Seu pai, Mikhail Dostoiévski, era médico militar em um hospital para pobres, e sua mãe, Maria Dostoiévskaia, era uma mulher culta e religiosa. Desde cedo, Dostoiévski foi incentivado a ler, tendo contato com obras de autores russos como Aleksandr Pushkin e Nikolai Gogol, além de clássicos da literatura europeia.
Em 1837, sua mãe morreu de tuberculose, e Fiódor, aos 15 anos, foi enviado com o irmão Mikhail para a Escola de Engenharia Militar em São Petersburgo. Apesar de formar-se engenheiro em 1843, sempre demonstrou interesse pela literatura. Em 1846, publicou seu primeiro romance, Gente Pobre, que recebeu elogios da crítica, sendo considerado um retrato sensível da vida dos desfavorecidos na Rússia czarista.
Sua vida mudou radicalmente em 1849, quando foi preso por participar das reuniões do Círculo de Petrashevski, um grupo que discutia ideias socialistas e criticava o regime autocrático de Nicolau I. Condenado à morte, Dostoiévski foi submetido a um falso fuzilamento, um episódio psicológico devastador, e teve a pena comutada para quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, seguidos por mais quatro anos de serviço militar obrigatório. Essa experiência marcou profundamente sua visão de mundo, levando-o a refletir sobre moral, fé e a condição humana.
Após a anistia, retomou a carreira literária. Na década de 1860, mesmo enfrentando crises de epilepsia e dificuldades financeiras, produziu obras que o consagraram. Memórias do Subsolo (1864) é considerada um marco do pensamento existencialista. Crime e Castigo (1866) tornou-se seu romance mais famoso, explorando culpa, redenção e justiça. Em seguida vieram O Idiota (1869), que retrata a pureza em meio à corrupção moral, e Os Demônios (1872), crítica contundente ao radicalismo político.
Sua obra-prima, Os Irmãos Karamázov (1880), escrita nos últimos anos de vida, reúne suas reflexões sobre liberdade, fé, responsabilidade e o bem e o mal. Além dos romances, escreveu contos, ensaios e textos jornalísticos, deixando um legado literário de alcance universal.
Fiódor Dostoiévski morreu em 9 de fevereiro de 1881, em São Petersburgo, aos 59 anos, vítima de uma hemorragia pulmonar causada por enfisema e agravada por uma crise de epilepsia. Seu funeral reuniu milhares de admiradores e foi um dos maiores cortejos fúnebres da história russa. Hoje, ele é lembrado como um dos maiores romancistas de todos os tempos, cujas obras continuam a inspirar e provocar reflexões sobre a natureza humana.
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Referências
- Frank, Joseph. Dostoevsky: A Writer in His Time. Princeton University Press, 2010.
- Grossman, Leonid. Dostoevsky: A Biography. Indiana University Press, 1975.
- Miller, Robin Feuer. Dostoevsky’s Unfinished Journey. Yale University Press, 2007.
- Mochulsky, Konstantin. Dostoevsky: His Life and Work. Princeton University Press, 1967.
- The Dostoevsky Society. ‘Biography of Fyodor Dostoevsky’. Disponível em: https://dostoevsky.org
- Encyclopaedia Britannica. ‘Fyodor Dostoyevsky’. Disponível em: https://www.britannica.com
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